De acordo com a PF, sistema de software FirstMile, usado pela agência de inteligência, teria servido para espionar autoridades sob o comando do deputado federal
A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã desta quinta-feira (25), a operação Vigilância Aproximada para investigar uma suposta “organização criminosa que se instalou" na Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O objetivo é apurar as denúncias de monitoramento ilegal de autoridades públicas e outras pessoas, utilizando ferramentas de geolocalização de dispositivos móveis, como celulares, sem autorização judicial.
O software utilizado para isso foi o FirstMile, adquirido e administrado durante a gestão do ex-delegado da PF e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). Na ocasião, o parlamentar estava cedido para a Abin, onde ocupou o cargo de diretor-geral durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Outros policiais exerciam a função subordinada cumprindo as determinações de monitoramento de alvo e produzindo relatórios. Havia ainda outros responsáveis por diligências que resultaram na tentativa de vinculação de parlamentares e ministros do Supremo à organização criminosa.De acordo com a Polícia Federal, “após aprofundamento das investigações”, foi identificada uma organização criminosa que tinha como intuito monitorar ilegalmente pessoas, entre elas autoridades públicas, invadindo aparelhos celulares e computadores. Entenda os principais pontos do relatório, quem estava sendo monitorado e quem seria beneficiado.
Drone na casa de Camilo Santana
A Polícia Federal destaca episódios em que um dos gestores do sistema FirstMile teria sido flagrado pilotando um drone nas proximidades da residência do então governador do Ceará e atual ministro da Educação, Camilo Santana, comprovando a total ilicitude das condutas, sem razão determinada.
Jair Renan e tráfico de influência
Sob a direção de Ramagem, os policiais utilizaram ferramentas para serviços e contrainteligência ilícitos em investigações da PF para fazer prova a favor de Jair Renan. Investigado sob suspeita de tráfico de influência com um sócio, o homem se viu sendo filmado e registrou um boletim de ocorrência por ameaça
Flávio Bolsonaro e o esquema de rachadinhas
A utilização da Abin para fins ilícitos é novamente apontada pela Polícia Federal e confirmada na investigação quando demonstra a preparação de relatórios para defesa do senador Flávio Bolsonaro, sob responsabilidade de Marcelo Bormevet, que ocupava o posto de chefe do Centro de Inteligência Nacional – CIN, como bem destacado pela Procuradoria-Geral da República. Trata-se das denúncias de prática de rachadinha. O senador nega.
fonte: o tempo