Com cerca de 69,0% da população, menos de 10,0% estavam próprios para uso, conforme diagnóstico do SNIS
O Sudeste e o Nordeste foram as regiões que menos tiveram disponibilidade de água própria para consumo, em 2022. Os dados são do Diagnóstico Temático Serviços de água e esgoto 2023 — que usa como base de referência o ano de 2022 — um estudo do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), administrado pelo Ministério das Cidades. Com cerca de 69,0% da população, menos de 10,0% do volume estava disponível para uso.
O professor do Departamento de Ecologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília e presidente da organização internacional Tropical Water Research Alliance, José Francisco Gonçalves Júnior, explica o que seria uma água própria para consumo.
“O que nós chamamos de água doce é essa água potável, essa água que os seres vivos podem utilizar para o seu consumo. E essa água normalmente está em lagos, rios, lençóis freáticos, que é o subsolo mais próximo à superfície da Terra, e nos aquíferos, que são as águas mais profundas, que ficam em grandes reservatórios”, informa.
De acordo com o levantamento, a estimativa é que 97,5% da água na Terra sejá salgada ou inadequada ao consumo humano direto. E o maior volume de água doce — própria para consumo — está em áreas de difícil acesso. O Brasil concentra a maior disponibilidade de recursos hídricos do mundo — com 12% das reservas de água doce disponíveis na macrorregião Norte, onde vive a menor parcela da população. Apesar disso, a distribuição da água no país é desigual, com 80% concentrada apenas na região hidrográfica amazônica, conforme dados da Agência Nacional de Águas (ANA).
Mas a água doce não se destina apenas para o consumo humano. Também existem atividades que dependem dela como explica o especialista José Francisco Gonçalves.
“A agricultura depende fortemente de água doce, inclusive de boa qualidade, para todos os setores da economia humana. A água doce é muito importante para o desenvolvimento por um custo menor de produção e isso confere um sucesso maior no desenvolvimento econômico”, destaca.
Segundo o diagnóstico SNIS, a maior retirada da água para uso setoriais está na irrigação. Em seguida, abastecimento urbano, indústria, animal, termelétrica, abastecimento rural e mineração.
Para o professor do Departamento de Ecologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília e presidente da organização internacional Tropical Water Research Alliance, José Francisco Gonçalves Júnior, a água desempenha muitos papéis na escala da natureza, da sustentabilidade do planeta, assim como na sustentabilidade econômica.